Salve
Meninas, sabadão lindo para todas vocês.
Danielle
Nordi, iG São Paulo, site Delas nos presenteia com artigo muito esclarecedor
sobre as pessoas chamadas acumuladoras e afirma que saber jogar as coisas fora
faz bem. A autora também diz que gostar de coisas que nos lembram algo feliz ou
que lutamos para ter é bom. Jogar fora também.
Vejamos
na íntegra.
O
papel do chiclete que seu namorado te deu no dia em que resolveram começar um
relacionamento. O ingresso do primeiro filme que seu filho assistiu com você no
cinema. Um botão de rosa que fazia parte do seu buquê da noiva. Para cada
pessoa, um objeto vai ter valor sentimental único. Mas o que é lembrança e o
que é apego?
A
palavra “apego” é muito usada na religião budista. Os praticantes acreditam que
este seja um defeito básico do ser humano que produz grande sofrimento. De
acordo com o lama budista da linhagem tibetana Ningma e presidente do Centro de
Estudos Budistas Bodisatva Lama Padma Samten, o problema não é possuir bens
materiais e, sim, buscar satisfação nestes objetos.
“Felicidade
e paz são coisas que encontramos em nosso interior. Quem não entende isso está
procurando estas sensações e nunca vai encontrá-las. Pessoas que estejam
vulneráveis possuem mais dificuldade em encontrar um estado interno de
felicidade”.
O
desapego é um ensinamento de extrema importância para os budistas. Lama Samten
afirma que o praticante da religião não quer coisas materiais. Budistas desejam
uma vida de felicidade e de lucidez verdadeira aos seus semelhantes. “Acho que
hoje, no mundo, falta um olhar mais amoroso ao próximo. Falta um sentimento de
comunidade que é a base de uma civilização”.
Valor
sentimental inestimável
É
claro que só porque alguém guarda uma roupinha de quando o filho era pequeno ou
conchinhas coletadas nas praias que visitou não significa que esta pessoa tenha
algum distúrbio.
A
publicitária Natália Boaventura, 24, é um exemplo de quem tem apenas mania de
guardar coisas. Ela conta que possui um baú onde ficam os objetos que tenham
valor sentimental agregado.
“Eu
sei que eu não vou me esquecer de um momento bom só porque joguei fora um
bilhete. Mas mesmo assim não gosto de me desfazer de nada que me traga boas
lembranças. Eu não me apego pelo valor material, e sim pelo que o item
significa”, afirma.
Mesmo
dizendo não se incomodar com sua mania, ela admite que acaba tendo alguns
problemas no seu dia a dia. Uma das questões que mais preocupa Natália, além de
não ter mais espaço para guardar tantas coisas, é a higiene. “Dá trabalho
cuidar de tudo. Tem que sempre limpar tudo direitinho”.
A
médica psiquiatra Bárbara Perdigão Stumpf explica que este cuidado é um dos
diferenciais entre indivíduos doentes e os que gostam de colecionar itens
variados. “Um pouco de apego todo ser humano tem. Tenho pacientes que possuem
mais de cem pares de sapatos, mas limpos e organizados. O mesmo no caso de
colecionadores. Gostar de colecionar coisas não atrapalha a vida das pessoas. O
apego patológico é diferente. Estas pessoas acumulam lixo, coisas sem utilidade
alguma”.
Será
que é possível aprender a se desapegar das coisas? O psicanalista e hipnólogo
clínico Paulo Giraldes acredita que existem ações que facilitam este processo.
“Estabelecer prazos para realizar uma faxina geral no quarto, por exemplo, pode
ser um caminho. Acho que o mais importante de tudo é se perguntar, toda vez que
estamos guardando algo, se aquilo tem utilidade. É preciso que a gente pare de
fazer as coisas por inércia e comece a racionalizar nossas atitudes diárias”,
ensina.
“Sou
uma máquina de jogar tudo fora”
Se
Natália não tem mais onde guardar seus pertences, o mesmo não acontece com a
psicóloga Thais Picerni, 33. “Não consigo guardar nada. Se tem algo que não uso
há mais de dois ou três meses eu me desfaço”.
A
mania de Thais já lhe causou prejuízo. Ela conta que quando ficou grávida pela
segunda vez, de mais uma menina, teve que recomeçar o enxoval do zero porque
não tinha nada guardado. “Acho que, às vezes, jogo fora coisas que eu podia
guardar por um tempo maior. Mas me irrita ver algo sem ser usado”.
A
psicóloga é o terror das pessoas que convivem com ela. Se Thais passa perto da
gaveta do marido, não consegue deixar de retirar alguma coisa. Ele, claro, não
gosta nada disso. “Eu nem abro mais a parte do armário dele para não dar aquela
vontade de me desfazer de tudo”, confessa.
“Eu
sou feliz assim. Mas as pessoas morrem de medo de mim. Fui ajudar minha mãe em
sua mudança um tempo atrás e até hoje ela está brava porque joguei muita coisa
que não devia fora”. A psicóloga já teve problemas sérios por causa da sua
mania. “Lembro que, por engano, joguei o documento de compra e venda do meu
carro no lixo. Também já fiz isso com o meu diploma de faculdade. Para tirar
todos os documentos de novo foi uma dor de cabeça”.
O
psicanalista Paulo Giraldes pondera que o equilíbrio é muito mais benéfico do
que os extremos. “Quem simplesmente se desfaz de tudo também não racionaliza a
situação. Age por impulso”, afirma.
Quando
é doença
Antes
de tudo é necessário saber diferenciar a mania da doença. Pessoas que guardam muitas
coisas, mas são capazes de jogar determinados itens fora, não têm nada com o
que se preocupar. O problema começa quando existe um apego excessivo pelas
coisas e isso acaba causando um impedimento grave para que a pessoa se desfaça
de algo.
Os
casos extremos são conhecidos como “hoarders” em inglês. Algo que pode ser
traduzido como “acumuladores”. São pessoas que guardam tantas coisas que não
conseguem nem sequer se locomover com facilidade dentro de casa. O canal de TV
paga Discovery Home & Health estreia nesta quinta (24), às 22h, uma a série
“Acumuladores”, que mostra a vida dos que sofrem com essa compulsão.
“Um
grande problema entre os acumuladores é o isolamento social. Por razões que
ainda não conseguimos entender completamente, há uma tendência que estas
pessoas vivam sozinhas e não convidem ninguém para ir até suas casas. Não
significa que elas sejam socialmente inaptas. Muitas têm amigos, mas
simplesmente não os convidam para entrar em suas residências”, explica a
professora titular da Universidade de Boston (EUA) e uma das maiores estudiosas
do mundo no assunto Gail Steketee.
Esta
dificuldade extrema de se desfazer de algumas coisas é classificada como um
transtorno mental. “É extremamente perigoso se a família resolve simplesmente
jogar tudo o que foi acumulado fora. O que se recomenda para pessoas que sofrem
deste transtorno é o auxílio médico”, diz Gail.
A
professora ainda ressalta que esta doença pode acontecer com qualquer um, mas
que é mais comumente diagnosticada entre adultos e idosos. “Eu diria que a
maioria das pessoas está entre 40 e 60 anos. Mas também há muitos pacientes
mais velhos. Os homens parecem sofrer mais deste problema do que as mulheres,
porém elas procuram tratamento com mais freqüência”.
Então
minhas queridas vamos refletir sobre o tema e jogar fora aquilo que se acumula
em nossas vidas sem muita utilidade, inclusive as ideias velhas.
Beijão
para todas e até amanhã.
Lady
Chic
Por
Beth
Vasconcelos
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