Olá amigas e seguidoras do
Lady Chic Blog, saúde para vocês.
Nossa reflexão de hoje é
sobre o lado Positivo das emoções negativas.
O crédito é de Tatiana
Pinheiro/ Edição: MdeMulher e conteúdo do site CLAUDIA.
A autora ajuda-nos a
entender o sentimentos de Inveja, raiva, sede de vingança, egoísmo... e ainda como
tirar deles lições e ações úteis para a vida.
Vejamos os detalhes.
Você sabia que as emoções
negativas não são fatalmente nocivas para nossa vida? "Sentimentos ruins
são inevitáveis. E senti-los é importante para manter o equilíbrio", diz a
psicanalista Sonia Pires, de São Paulo. O psiquiatra Paulo Gaudencio, também de
São Paulo, autor de livros como Mudar e Vencer (Editora Gente), vai além:
"Todo sentimento é bom. O resultado que ele produz é que pode ser
ruim".
A seguir, conheça mais a
fundo algumas dasemoções mais rechaçadas pela sociedade, aprenda a enxergar o
lado bom de vivenciá-las e descubra ainda como se beneficiar delas.
"Alguns desses sentimentos, como a raiva e a sede de vingança, são defesas
psíquicas primitivas, manifestadas já pelos bebês e por crianças
pequenas", diz o psicanalista Fábio Belo, professor da Universidade
Federal de Minas Gerais. "Nós, adultos, somos capazes de amadurecê-las e
elaborá-las."
1. INVEJA
Todo mundo sente, embora a
tendência seja negar. "Se você acusar uma pessoa de ser invejosa, ela
ficará furiosa", ressalta Gaudencio. No entanto, quando tentamos ignorar
sua existência, acabamos atacando com palavras e atitudes agressivas, quase
sempre sem cabimento, a pessoa que desperta a inveja. No fundo, desejamos
"destruir" quem está apontando algo que acreditamos ser incapazes de
conseguir também. O primeiro passo para se beneficiar dessa emoção negativa,
portanto, é livrar-se de preconceitos e encará-la. "Sentir inveja de forma
consciente, ou seja, assumida, pode levá-la a descobrir conteúdos secretos
inimagináveis", afirma a psicanalista Sonia. O segundo passo é desviar o
foco do outro e direcionar para si mesma. Até porque será preciso identificar
com exatidão o alvo da cobiça. De acordo com os experts, crescer os olhos para
o carrão da vizinha, a promoção da colega de trabalho, a viagem de férias à
Índia da irmã ou o marido da amiga ainda apaixonado depois de anos de casamento
não significa, necessariamente, que se quer dirigir um veículo igualzinho,
estar no mesmo cargo, conhecer Nova Délhi ou conquistar aquele homem
específico. "Na verdade, a gente inveja as capacidades ou habilidades que
permitem ao outro ter mais, ser melhor ou mais amado", explica Gaudencio.
Quando descobrir que dom é esse que lhe falta, se abrirá a possibilidade de
desenvolvê-lo.
2. GANÂNCIA
O ser humano é insatisfeito
por natureza. "Esse sentimento nos acompanha desde os primeiros momentos
da nossa vida e estamos em uma busca constante de algo que nem sabemos o que
é", observa Sonia. Ou seja: é natural (e desejável) ter sonhos a realizar
e metas a cumprir - e renovar o cardápio a cada realização. A ambição é a força
motriz interna que nos leva a alcançar o que desejamos. Já a ganância, diz a
especialista, é a ambição compulsiva. Para o ganancioso, o que importa é ganhar
sempre, ser melhor do que os outros, ainda que o objeto da conquista nem seja
importante para a felicidade dele. É uma questão de medida. Para não errar na
dose, tenha objetivos claros. Quem sabe o que quer não desperdiça energia com o
que não interessa e troca, naturalmente, a ganância cega pela ambição
necessária para "chegar lá". Se uma executiva sabe que seu alvo é ser
indicada para a próxima vaga no escritório da empresa em Paris, mas está só no
nível básico do francês, vai colocar todas as fichas no aperfeiçoamento da
língua. Não ocupará seu tempo fuçando e atrapalhando a vida dos demais virtuais
candidatos. De qualquer forma, a dica é não perder a chance de usar um episódio
de ganância para conhecer o que, de fato, mobiliza você e batalhar por isso.
"Deixar de lutar pelo que pode dar mais sentido a sua vida é tão nocivo
quanto se entregar a uma busca compulsiva por resultados", afirma Sonia.
3. SOBERBA
De novo, tudo é uma
questão de dosagem. "É na relação com os outros que a gente aprende sobre
as próprias dificuldades e capacidades. Mas é também ao me relacionar que posso
acabar me deixando à mercê do que todos esperam e pensam de mim", analisa
Sonia. E preocupar-se tanto e o tempo todo com o julgamento alheio, tentando
continuamente corresponder a expectativas externas, não é uma maneira saudável
e esperta de viver. Isso cria ansiedade, mina a autoconfiança, até paralisa. A
soberba é exatamente o oposto: ser "cheia de si", não se importar em
nada com o que as pessoas pensam e dizem, se achar melhor do que todo mundo.
Equivale a um sistema de blindagem psíquica, que pode ser de grande valia em
certas situações. Imagine uma pessoa começando em um emprego novo, em um
ambiente ultracompetitivo, que tem de provar sua competência e sua eficiência
sem muita ajuda dos colegas e nenhuma orientação do chefe. Orgulhar-se (ainda
que exageradamente) de seus talentos, acreditar piamente no próprio taco e até
assumir uma postura meio arrogante são atitudes que ajudarão a desempenhar seu
papel e mostrar a que veio. Só não vale manter-se apegada à soberba para sempre.
Primeiro, porque afastará os colegas, criará inimizades e rivalidades,
dificultará qualquer trabalho em equipe. Mais: "Se essa atitude orgulhosa
demais se cristalizar, a pessoa nunca deixará transparecer seus limites e suas
dificuldades e, provavelmente, ficará sobrecarregada, estressada e
insatisfeita", defende a psicanalista.
4. RAIVA
É feio sentir raiva. Isso
você já deve ter ouvido por aí, mas a verdade é que ela tem sua utilidade,
segundo os especialistas. "É uma defesa, como a dor, um alerta do corpo
que nos faz tomar providências. Se não a tivéssemos, morreríamos à
míngua", compara a psicanalista Elsa Oliveira Dias, diretora do Centro
Winnicott de São Paulo. "A raiva também é um alerta, e esse é um aspecto
positivo dela: sua função é indicar que algo a está oprimindo e agredindo, para
que você ative seu mecanismo de proteção." A diferença entre se beneficiar
ou se prejudicar com esse sinal é a resposta que se dá a ele. De acordo com o
psiquiatra Gaudencio, a agressividade é o combustível para a ação, e quem
consegue usá-la dessa forma só tem a ganhar. Para ilustrar sua teoria, ele
costuma recorrer à imagem de um barco que perdeu o motor e está à deriva em um
rio, sendo levado pela correnteza rumo ao abismo de uma cachoeira. Há três
pessoas dentro. Uma é passiva; se senta no chão conformada e se deixa levar. A
outra é agressiva; assume o leme e se esforça para mudar a direção do barco. A
terceira, que ele chama de malcriada, fica em pé, xinga e esbraveja, mas não
age. Quem tem mais chance de solucionar o problema? O segredo, então, é não se
deixar enlouquecer pelo ódio, mas aproveitar o impulso para fazer algo efetivo
por você. Pode ser um plano de ação para melhorar aquele ponto que despertou
sua ira. Na prática, uma mulher que ficou furiosa porque foi chamada de
gordinha durante uma discussão deve se valer do alerta da raiva para avaliar se
aquilo realmente a incomoda e em que medida - conforme a resposta, a dica é se
empenhar em perder o excesso e voltar a se sentir bonita e saudável. Mas às
vezes a melhor atitude a tomar é apenas conversar com quem pisou no seu calo.
"Quando não manifesto reação ao que me machuca ou ofende, não ofereço ao
outro referências do que o ato dele me causa", diz Sonia.
5. SEDE DE VINGANÇA
Como já foi dito, apenas
ficar ruminando o ódio, sem partir para a ação, não tem utilidade nenhuma. Pode
resultar, por exemplo, em ressentimento. O verbo ressentir significa
"tornar a sentir" - e viver novamente o que já não foi bom antes é,
obviamente, prejudicial. "O ressentimento mina, aos poucos, belas amizades
e relacionamentos de longa data", alerta a psicanalista Sonia. "No
casamento, se uma das pessoas revive o passado toda hora e está sempre cobrando
do parceiro coisas que não podem mais ser mudadas, a relação fica paralisada e
se desgasta." Se elevada à última potência, a raiva também pode virar sede
de vingança, uma obsessão que, por si só, não traz benefícios. "Entrar
nesse movimento é passar a dedicar a vida ao outro - e justamente àquele que
lhe fez mal", analisa Elsa. Portanto, se seu desejo de fazer justiça é
intenso demais para simplesmente deixá-lo para lá, a saída é buscar uma forma
positiva de revidar. Um bom conselho é redirecionar o alvo para si mesma.
Exemplo: na base da trapaça e da bajulação ao chefe, uma colega conseguiu uma
promoção que tinha tudo para ser sua. Muita gente ficou furiosa; você, mais
ainda. Qual vingança pode ser mais eficaz do que pesquisar táticas para
incrementar a qualidade do seu trabalho (talvez até cursar uma especialização)
e se dedicar mais do que nunca a suas tarefas, não deixando dúvidas de que é a
melhor candidata a subir na próxima chance que surgir na empresa? Esse tipo de
atitude, sim, irá restaurar sua autoconfiança e autoestima feridas.
6. EGOÍSMO
"Em geral, quem chama
a gente de egoísta é outro egoísta, que está infeliz porque não estamos dando
atenção a ele", ressalta o psicanalista Luiz Alberto Py, autor de Saber
Amar (Rocco) e Mistérios da Alma (Best Seller), entre outros livros. É o
instinto de sobrevivência que manda cada um de nós cuidar de si em primeiro
lugar. A exceção são os filhos. "O problema é que o egoísmo passou a ser
malvisto pela sociedade, culturalmente recriminado", completa Py. O
psicanalista lembra que, não por acaso, nos aviões é dito expressamente que, se
houver despressurização e as máscaras de oxigênio caírem, você deve colocar
primeiro em si mesma para depois ajudar sua criança ou qualquer pessoa ao lado.
"Se não fosse o egoísmo nesse caso, morreriam os dois", diz ele. Ou
seja, conforme a situação, uma dose de egocentrismo é não apenas saudável como
necessária. E nisso vários especialistas concordam. Em outras ocasiões, esse
sentimento não é vital, mas bem-vindo. A mãe que, de vez em quando, deixa de
desfrutar um tempinho livre com o filho para ir à academia ou ao cabeleireiro
não pode ser recriminada por se cuidar. Muito menos deve ser censurada aquela
que, decidida a ascender na carreira, vira e mexe alonga o expediente em
sacrifício do jantar com a família. Mas o sinal vermelho acende para quem
exagera e só consegue olhar para o próprio umbigo. "Ignorar a existência
do outro, acreditando que ninguém mais interessa, é uma defesa, uma forma de
negar a inerente dependência que todos nós temos", avisa Gaudencio. "Quem
se mantém nessa posição deixa de aprender, pois é na troca que crescemos."
Para Sonia, por trás de um ego inflado estão escondidas fragilidades que devem
ser tratadas. "Vale o mesmo para quem é altruísta demais e se ocupa o
tempo todo dos outros, abandonando seus desejos, interesses e suas
necessidades." O equilíbrio ajuda a desfrutar o melhor dos dois mundos.
Um beijão para todas e até
amanhã com muito amor.
Lady Chic
Por
Beth Vasconcelos
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