Oi pessoal, feliz Março para todo o Mundo.
Nosso encontro hoje celebrando o mês que se inicia,
apresenta um texto muito elucidativo da Dra: Raquel Baldo Vidigal, psicóloga e
especialista do amado site Minha Vida, onde se publicou que a chamada zona de
conforto pode ser prejudicial para relacionamentos longos.
Nesta oportunidade o texto nos permite entender melhor o conceito e mostrando ainda, dicas
para não cair nessa monotonia da relação
Vejamos com atenção os detalhes.
Acho o termo "zona de conforto" muito curioso.
Fiquei pensando a respeito e convido vocês a fazerem o mesmo. Pensei que,
quando mencionamos a palavra conforto, nos vem à mente uma ideia de algo bom,
uma sensação gostosa de aconchego, falta de preocupação, algo sem muito esforço
e talvez até segurança. Não acham?
Mas este termo "zona de conforto" sugere outro
contexto. Ele nos faz pensar numa área, num tempo em que o conforto citado é na
verdade um alerta, uma sinalização de que alguém (ou o casal) está avançando
uma área/zona que pode representar risco e isto nos faz rever a ideia deste
conforto. Que conforto é esse?
Estar na área de conforto é estar naquele limite entre o
confortável e a preguiça, entre o confortável e o desleixo/falta de cuidado. Se
não soubermos o limite ideal (que provavelmente é aquela linha tênue que pode
passar desapercebida facilmente), podemos tornar o conforto da relação em um
desprazer do cotidiano, uma mesmice, um tédio. Ou seja, a falta de preocupação,
de cuidados, de esforços e de produção pode gerar uma falta de alimento na
relação e acabar chegando ao fim ou a uma vida triste e sem perspectivas.
Intensidade X calmaria
Se observarmos histórias, poemas e filmes, vamos nos deparar
facilmente com a ideia de que as relações amorosas são intensas e sedutoras
quando vivem momentos de sacrifícios, de dedicação e de busca por paixão.
Correr atrás da pessoa amada, presentear, surpreender, enfrentar e superar
preconceitos, dificuldades, doenças... Tudo isso nos faz idealizar o amor e nos
encanta. A paixão excita e gera empolgação, movimentos de força e capacidade
para produzir, criar, salvar, mudar, não o outro somente, mas a si mesmo em
especial. Quando estamos apaixonados acreditamos, muitas vezes que somos mais e
que podemos mais e por isso doamos mais, do nosso EU. É, sem dúvida alguma, uma
fase deliciosa de vida. E se for bem organizada e percebida pelo casal, tende a
ser forte colaboradora do amor que pode surgir. Este amor tende a ser um fogo
mais brando, não menos quente, apenas mais contido, para gerar construções na
vida em conjunto e isto não significa perder o calor do desejo ou da admiração
por si e pelo outro.
É muito comum as pessoas confundirem a estabilidade e o
conforto de uma relação com a perda de prazer. Mas na verdade, o contrario da
paixão é o tédio, é nele que devemos nos atentar. Uma vida estável, com rotinas
(casal, filhos, trabalho, estudo, casa) não precisa ser entediante. Na verdade
a rotina é necessária e fundamental para que se possa construir e conquistar as
coisas na vida e até pode ser colaboradora para criações e novidades.
O que torna uma relação entediante é a da falta de
vitalidade: falta de sonhos, falta de desejo, falta de empenho e vontade de
fazer mais, falta de elogios, falta de enxergar o outro e a si mesmo. Essas
faltas tornam a vida de qualquer um monótona e sem graça. Muitos casais se
tornam entediantes, pois estão juntos há muito tempo, possuem bom histórico,
possuem muitas preocupações com a vida (que lhes toma muita energia) e
acreditam que toda relação um dia perde sua graça e vida. Mas isso não é
verdade e não precisa acontecer.
Por que o fogo apaga?
O problema de uma relação entediada não é o tempo ou as
preocupações da vida (apesar deles serem responsáveis por muitas mudanças), a
grande questão aqui é o fato que a pessoa perdeu-se de si mesmo, ficou
esquecida em algum momento de sua vida. Sua existência está abalada, seu
conflito é não saber mais quem é ou para onde vai. E é muito comum culpar uma
relação por isso, visto que ainda hoje em dia se fantasia muito a respeito das
relações. As pessoas ainda acham que para ser feliz é preciso abrir mão de si
pelo outro, por amor, porque é feliz se o outro é feliz e acreditando que o
outro fará o mesmo por você e por isso não ficarão sem ser atendidos ou sem
existir.
Tudo isso é muito lindo e delicioso de sentir, mas se
refletirmos um pouco, isso na verdade é um grande risco. Pois por maior e
melhor que seja a boa intenção e amor do outro para conosco, este outro jamais
irá conseguir preencher aquilo que corresponde ao nosso mais intimo, o nosso EU
e nem mesmo nós conseguiremos oferecer ao outro o intimo dele.
Essa fantasia de misturar ideias, de se tornarem um só, não
haver mais eu e outro somente ambos, propõe ao casal deixar de existir enquanto
sujeitos/indivíduos e isso acaba sendo o maior motivo da perda de vida de
alguém na relação e a porta para o tédio. Portanto mesmo que o casal consiga
conquistar seus projetos, ter uma vida calma e estável, pode estar ao mesmo
tempo desvitalizando a relação por que alguém ou os dois deixaram de existir.
Quando alguém perde ou não tem um sentido próprio para a vida, acaba deixando
de sentir a graça do viver. Esta falta de graça e de gosto em existir e ser
alguém é o tédio da própria existência e isso pode acabar sendo confundindo
facilmente com a sua relação, ou mesmo gerar o tédio no casal.
Vejam bem, não falo aqui, nem mesmo sugiro, que o casal deva
ter projetos individuais que excluam o outro da vida, não é isso. Na verdade
este ponto também é muito perigoso e colaborador do tédio, pois se eu faço
planos de diversão e construção sem contar com meu parceiro, estarei deixando
somente o lado trabalhoso e chato para o casal e com certeza isso só irá
reforçar o tédio.
Mas o que tento aqui explicar é que a necessidade de cada
pessoa no casal deve existir por si, para poder ter força de oferecer algo seu,
de construir algo que goste e de partilhar com o outro. Estou falando em manter
a autenticidade de existir e encontrar a sincronia com a pessoa escolhida para
amar.
Outro ponto que vale a pena ressaltar é que casais, ou
pessoas, que possuem dificuldade em mudar na vida, tendem a ser mais propícios
ao tédio ou a monotonia. Isso porque a vida, o tempo que corre nela e as
condições do mundo irão gerar mudanças no dia a dia e não temos como não passar
por isso. Iremos engordar, emagrecer, mudar de emprego, cidade ou casa, ter
filhos, aprender novos hábitos e portanto, de tempos em tempos, aquele casal
não será mais o mesmo de quando se conheceram. O que era bacana no começo hoje
em dia pode ser ruim e é preciso estar bem atento a isso durante toda relação,
ou irão continuar repetindo algo que já não existe mais, ou que até mesmo
incomode. O casal precisa reparar nestas mudanças, que são pequenas e do
cotidiano e investir nelas, ou seja, agregá-las a vida. Para não cair nessa
falta de mudança, é preciso olhar, enxergar não aquilo que se quer ver, mas
aquilo que existe e acontece a sua frente, para poder entender as mudanças e
tirar bons proveitos delas.
Para finalizar, volto a colocar vocês para pensar comigo: se
o casal respeita e preserva a existência de cada um na relação e entende que
deve estar aberto as mudanças que a vida irá proporcionar, é muito provável que
estarão de tempos em tempos vivendo novidades, fantasias, desejos de ter e ser.
Se o casal estiver aberto a viver e aproveitar cada fase que a vida irá trazer,
desde as mais saborosas até as mais amargas, irão reviver de tempos em tempos
momentos de paixão e conquista, um pelo outro, por si mesmos, pelo casamento...
Isso parece a vida e parece também uma boa tática contra o tédio. Não acham?
Como já dizia Cecilia Meirelles: "...Porque a vida, a
vida, a vida, a vida só é possível reinventada!".
Como sempre, desde já agradeço de coração a equipe sempre
muito competente do site Minha vida e conclamo todas as amigas para que vivam
este lindo dia como se fosse o último de suas vidas.
Beijão para todas e até amanhã.
Lady Chic
Por
Beth Vasconcelos
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