Olá amigas lindas do meu blog. Hoje eu determino que vocês cresçam em todos os sentidos: biológico, sociológico, psicológico e espiritual, tornando-se a cada dia mulheres integrais, competentes e capazes de fazer o mundo melhor ao redor de vocês.
Para abrilhantar a quinta feira vamos refletir com o texto maravilhoso de Regina Navarro Lins, do site DELAS, que vem nos explicar a dinâmica da nossa relação com os homens.
A articulista Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora do livro “A Cama na Varanda”, entre outros.
Acompanhem os detalhes por favor.
A autora inicia indagando se nós mulheres necessitamos de proteção.
E prossegue:
Sandra, 39 anos, é uma respeitada executiva de uma grande empresa. Está separada há seis anos e tem três filhos. Procurou terapia porque algo a aflige: “Estou namorando André há um ano. Já pensei várias vezes em terminar, mas não consigo.
Ele tem inúmeras qualidades; nossa vida é divertida, o sexo é ótimo e nunca brigamos. Entretanto, o problema é a sua falta de cavalheirismo. Isso me perturba muito. Todos os meus ex se preocupavam comigo e tentavam resolver todos os meus problemas.
Mas André parece que me vê como alguém que não precisa de proteção. Outro dia, saí da casa dele às nove da noite e não lhe passou pela cabeça me levar até meu carro. Tudo bem que meu carro estava na garagem do prédio, mas não achei legal.
São várias atitudes desse tipo que me frustram. Ele não tem a preocupação de abrir a porta do carro para eu entrar, nem de puxar a cadeira para eu sentar. No sábado lhe telefonei cedo para dizer que um cano da minha casa estourou.
Sabe o que ele respondeu? Para eu procurar logo um encanador para fazer o conserto. E falou isso como se tivesse me dado um grande apoio. Concluí que assim não dá... preciso de um homem ao meu lado que faça com que eu me sinta sempre protegida.”
Apesar de a grande revolução do século XX ter sido a das mulheres, não são poucas as que ainda fazem esse tipo de reivindicação. Ao contrário do homem, que é estimulado a ser independente desde que nasce, a mulher não é criada para defender-se e cuidar da própria vida.
Quando adolescente, continua sendo treinada para a dependência. Não deve sair sozinha, seus horários, assim como sua sexualidade, são mais controlados, e é cobrada para permanecer mais tempo em casa.
Por mais que estude e faça planos profissionais para o futuro, alimenta o sonho de um dia encontrar alguém que irá protegê-la e dar significado à sua vida, não dando ênfase a uma profissão que a torne de fato independente.
Apesar do movimento feminista das décadas de 60 e 70 ter feito com que grande parte das mulheres se rebelassem contra o eterno papel de donas de casa e mães, e as exigências práticas da vida não mais permitirem que elas se escondam sob a proteção do pai ou marido, para muitas a liberdade assusta.
Não é para menos. Desde a infância, a mulher desenvolve uma grande dúvida interna quanto à sua competência para a vida. Afinal, foi ensinada a acreditar que, por ser mulher, não é capaz de viver por conta própria, que é frágil, com absoluta necessidade de proteção. Muitas mulheres acreditam até que serem sustentadas é um direito que têm pelo fato de serem mulheres.
O principal objetivo para a maioria continua sendo o casamento, visto como insubstituível fonte de segurança e usado como arma ideológica contra a mulher: “Uma pessoa só se realiza no casamento”; “Uma mulher não pode viver sozinha”; “A verdadeira felicidade da mulher é ter filhos”. Esses slogans são repetidos incansavelmente, mesmo que de forma subliminar.
As que se sentem capazes, com frequência temem desapontar as expectativas dos homens. Como a combinação de sexualidade e competência nas mulheres parece ameaçá-los, elas optam por esconder a sua autonomia e representar o papel feminino estereotipado. Assim, aceitam ter a função de um espelho que reflete o ideal e a fantasia do homem, sempre ajustando sua imagem de acordo com as necessidades e exigências dele.
Para a historiadora canadense Bonnie Kreps, as penalidades por não representar esse papel são rigorosas. Elas se estendem desde tornar-se invisível até a perda do apoio econômico e do status de uma pessoa saudável.
“A multidão de atributos expostos nesse papel — maneiras respeitosas, olhar recatado, sorriso constante, a risada que confirma, entonação crescente, gestos físicos cautelosos, e assim por diante — foi adequadamente chamada de atitudes de acomodação”, diz ela.
Tanto a mulher que se sente insegura e frágil quanto a que se sabe competente, mas representa o papel feminino para agradar ao homem, são mulheres acomodadas. Ambas acreditam necessitar de um homem ao seu lado sem o qual não imaginam poder viver.
Um respeitado estudo americano sobre a masculinidade e a feminilidade a partir de uma perspectiva da infância confirma isso ao descrever os estágios da aprendizagem do respeito ao sexo masculino.
São eles: afirmação (dos seis aos 10 anos), no qual as garotas têm rancor dos meninos; ambivalência (dos 10 aos 14 anos), quando as garotas começam a se desviar para o lado dos meninos; e acomodação (dos 14 em diante), no qual as garotas aceitam a “necessidade do apoio masculino”.
A mulher acomodada aceita que todo homem com quem se relacione a proteja. Bonnie Kreps diz ser possível observar em qualquer lugar o ritual diário pelo qual as mulheres permitem que os homens as guiem em situações físicas que podem controlar perfeitamente sem assistência masculina ou então estariam mortas.
“Ainda assim, lá está ele, o braço masculino onipresente em nossa direção, dirigindo-nos nas esquinas, através das portas, para dentro dos elevadores, subindo escadas rolantes, travessando ruas. Esse braço não é necessariamente pesado ou grosseiro; é leve e delicado, porém firme, como dos cavaleiros mais confiantes com os cavalos mais bem treinados”.
Ela considera, portanto, que a noção de cavalheirismo é crítica para as mulheres. Que tipo de homem deseja proteger uma mulher? Certamente não seria um que a vê como um igual, que a encara como um par.
Mas aquele que se sente superior a ela. E como diz Mae West em um dos seus filmes: “Todo homem que encontro quer me proteger... não posso imaginar do quê.”
E então: Vocês precisam de proteção?
Abraços carinhosos para todas e até amanhã
Por
Beth Vasconcelos
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