Bom dia meninas amigas e seguidoras do Lady Chic Blog, eu desejo hoje a vocês uma sexta feira repleta de oportunidades.
Por falar em oportunidades, eu trouxe do site Delas, um artigo excelente de Verônica Mambrini, iG São Paulo, contando a história de Zica que para ficar linda, ela ficou rica.
É verdade. A autora afirma que mais de 70 mil clientes entregam madeixas rebeldes todo mês à Beleza Natural, tornando Zica uma das mais bem sucedidas empresárias do setor no Brasil.
Os cachos de Zica ficaram como ela sempre quis, e a conta bancária, como nunca imaginou.
Acompanhem os detalhes.
“O teu cabelo não nega, mulata.” O verso de Lamartine Babo é politicamente incorreto para os padrões de hoje, mas desde os anos 1990, Heloísa Helena Belém de Assis, a Zica, 50, não queria disfarçar seus crespos. “Nasci na Tijuca, na comunidade de Catrambi. Venho de uma família muito humilde. Comecei a trabalhar com 9 anos.” Filha do meio na fileira de 13 do pai biscateiro e da mãe lavadeira, Zica começou fazendo entregas de roupa lavada. “Sou a do meio, seis acima e seis abaixo”, se diverte.
Hoje, ela é dona da Beleza Natural, rede de salões de beleza especializada em cabelos cacheados. Zica não fala em números, nem gosta de expor seu endereço atual, um espaçoso apartamento em uma área nobre do Rio, onde mora com os filhos Junior, Jefferson e Claudineia, além da neta de quase dois anos. Mas sua rede, que começou num fundo de quintal, faturou R$ 19 milhões em 2005, último ano em que números oficiais foram divulgados. De 2005 para cá, o número de clientes dobrou – hoje são 70 mil. A rede se expandiu e onze unidades, nove no Rio, uma no Espírito Santo e outra na Bahia. Junto com a fábrica, a rede emprega 1.300 pessoas. O preço dos kits de produtos varia entre R$ 38,90 e R$ 51,50. A aplicação de Super-Relaxante, carro chefe da empresa, varia entre R$ 67,90 e R$ 87,90.
Antes de pensar em ter um negócio, Zica fez de tudo um pouco, sempre lidando com clientes. Vendeu roupas íntimas e cosméticos de porta em porta, por exemplo. Casada e já com filhos, para segurar a renda, foi babá e fazia faxina em mansões “grandiosas” no Alto da Boa Vista.
Mas tinha uma preocupação: sempre reclamou que trabalhar com público com cabelo sem tratamento não dava. E não queria perder suas características correndo para o alisamento, o que era comum. “Meu sonho era ter o cabelo balançando, sem tirar a originalidade dele. Era complicado trabalhar com o cabelo assim, volumoso e ressecado”, conta. As patroas não gostavam, mas Zica não queria alisar. “Quem queria empregar quem tinha o cabelo assim, enorme? Era grande, alto, um bolo de cabelo. As pessoas associavam a sujeira, desleixo.” Zica fez alisamentos uma vez, para nunca mais. Aos 14 anos, odiou o resultado e o cabelo que sofreu com a química pesada. “Os fios ficaram finos, quebradiços, o cabelo não crescia como tinha que crescer.” Ela cortou e voltou para o estilo “Black power”, à moda dos anos 70.
Curso de cabeleireiro
Entre uma e outra faxina, se inscreveu no curso de cabeleireiro na paróquia São Camilo de Lellis, a igreja da comunidade onde vivia. Passou um mês aprendendo a conhecer e lidar com seus fios. “Aos 21 anos, fui fazer o curso e aprendi tudo que o mercado oferecia. Queria achar solução para meu cabelo, não fui atrás para trabalhar com isso. Queria saber como era o meu fio”, conta. “Eu era fissurada nos meus cachos e me negava a passar esses produtos para alisar.”
Ela começou a misturar materiais em busca da fórmula perfeita, que garantisse cachinhos cheios de movimento. Conversando com fornecedores, conseguiu matéria-prima para fazer experiências, misturou cremes que já existiam no mercado, testou tudo que havia para cabelos crespos. “Levei dez anos para chegar na fórmula do Super Relaxante”, conta. “Com meu creme, o cabelo começou a pentear mais macio, a maleabilidade era melhor, passou a ficar com balanço. Mexeu com minha autoestima e com a das pessoas da comunidade”, lembra Zica. Na prática, nunca trabalhou como cabeleireira em outros salões. “No máximo cortava cabelo da minha irmã ou da minha mãe.”
Cachos com senha
O próximo passo foi abrir um salão de fundo de quintal, na Tijuca, em 1993. O único bem da família era um Fusca, que ela convenceu o marido a vender para poderem começar um negócio. “Ele sabia do meu cabelo, ele viu minha necessidade. Ele acabou vendendo o carro e abrimos o salão”. Era uma casa de dois cômodos, “de mais de 100 anos”, lembra Zica. Em pouco tempo, o boca-a-boca e a divulgação com folhetos garantiram filas na porta que viravam na esquina antes do salão abrir. A solução foi colocar um sistema de senhas (que continua até hoje), para tentar atender ao maior número possível de pessoas. A procura pelos produtos era enorme também: clientes vinham com potes de maionese e margarina para levar os xampus e condicionadores para casa.
“O salão abria às 8h da manhã e às 5h já tinha fila, com dezenas de pessoas”, conta Zica. “A gente não tinha espaço suficiente para atender essa quantidade de clientes. A essa altura, Zica já tinha chamado sócios: além do marido, vieram Rogério, irmão dela, e Leila Velez, que tinha trabalhado com Rogério no McDonald’s. “Ela tinha esse dom, e visão de como a gente tinha que crescer. Nós começamos a terceirizar a produção, patenteamos a fórmula”.
Linha de produção
“Foi um sucesso, porque o produto não existia. Todo mundo queria, nosso mercado não oferecia e também não tinha nada importado”, diz Zica. Ela ficou na operação do salão, seu marido na contabilidade e seu irmão saiu do McDonald’s para trabalhar no Beleza Natural. “Logo depois veio a Leila trazendo o marketing. Com seis meses ela entrou, porque ela tinha uma visão muito boa de como divulgar o negócio.” Eles levantaram que os clientes vinham de várias partes do Rio: Caxias, Jacarepaguá, Nova Iguaçu, Madureira, Niterói. “Vimos que estava na hora de crescer para esses lados e abrimos a primeira filial”. Em 2004, os sócios abriram a própria fábrica, a Cor Brasil Cosméticos.
A sócia Leila, hoje presidente da empresa, também começou cedo, aos 10 anos, fazendo entrega de roupas lavadas pela mãe e venda de cosméticos porta a porta. Aos 14 anos, entrou para o McDonald’s. Com 16, se tornou a gerente mais jovem da rede. “Precisamos até pedir uma autorização especial da matriz”, conta. Aos 19, entrou para a sociedade de Zica para trazer know-how dos empregos anteriores e criar coisas novas, que refletissem seu modo de ver o mundo – algo impossível de fazer numa empresa do porte de uma multinacional. “Acompanhei quando a Zica desenvolveu o produto, e veio muito a calhar a sociedade”, conta.
Elas instituíram uma “linha de produção” no salão, em que cada profissional se especializa em uma das sete etapas do tratamento. Fica mais rápido para a cliente mais barato para o salão. Leila migrou da faculdade de Direito para uma de administração, e daí em diante, voltou toda a carreira acadêmica para o negócio crescer. “É toda uma rede de contatos, e chances de aprender com os erros e acertos de outras empresas”, diz a sócia da Beleza Natural
A favela ficou para trás. Todo ano, as sócias viajam para a Cosmoprof, maior feira mundial de cosméticos, que acontece na Itália, para se atualizarem e sondar oportunidades no mercado. Aliás, Zica acaba de entrar em uma faculdade, onde cursa decoração. Mas confessa que já precisou matar aula para ir à feira de cosméticos.
A empresária faz questão de reproduzir oportunidades de crescimento: 70% dos funcionários são clientes da rede. “São meninas que se espelham pela minha história de vida, e vêem que podem chegar lá. Quem mais pode entender o que quer um cliente que tem o cabelo crespo?”
Aí está minha gente o exemplo de vida de Zica provocando que a vida só é dura para quem é mole.
Beijão para vocês e até amanhã
Por
Beth Vasconcelos
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