Olá amigos do Lady Chic Blog, um excelente domingo para vocês.
Vamos bater um papo hoje sobre adoção e o crédito é do site: B.Bel – Um Estilo de Vida por Loreta Fagionato – Equipe BBel.
Na oportunidade a autora dá dicas ensinando como se preparar psicologicamente para adotar uma criança
Vejam detalhes.
Por que procurar acompanhamento psicológico
No Brasil, adotar uma criança é um processo burocrático e extremamente demorado. Durante este período de espera é comum os pais adotantes ficarem preocupados e angustiados. Por isso, é importante que eles procurem acompanhamento psicológico para ajudá-los a lidar com a espera, enfrentar todo processo de adoção e também tirar as dúvidas e questionamentos que possam surgir.
"O processo de adoção é um período de planejamento, organização e efetivação de um desejo muito forte para a questão familiar. Deseja-se constituir família com a criança a ser adotada e não simplesmente ocupar um vazio existencial ou afetivo do adotante. Mas, qual é o perfil da criança a ser adotada? Quais são as dificuldades a serem enfrentadas? Quais são os novos desafios? Essas e muitas outras perguntas podem causar ansiedade e até estresse. Por isso é necessário o acompanhamento psicológico para os pais, a fim de minimizar a ansiedade decorrente deste processo", explica Mariano Gaioski, coordenador dos abrigos da Liga Solidária, organização social que desenvolve programas socioeducativos e de cidadania.
Além disso, os adotantes precisam ter claro o que significa para eles adotar uma criança e quais os motivos que os levaram a tomar essa decisão. "É importante ter um acompanhamento, que pode ser psicológico ou de um grupo de apoio à adoção, porque os adotantes precisam se questionar o porquê querem adotar e saber qual é a função dessa criança na família. Eles precisam entender se querem um filho ou uma criança para tampar um buraco, para não se sentirem sozinhas", alerta Soraya Pereira, psicóloga e criadora do grupo Aconchego, que incentiva a convivência familiar e comunitária de crianças e adolescentes em acolhimento institucional.
Durante o "pré-natal" da adoção que é o período de espera, os pais adotantes precisam aprender a lidar com as idealizações e as expectativas em relação à criança. É como um período de gestação.
De concepção afetiva, acolhimento profundo e amor incondicional. A criança desejada mobiliza e motiva tornar este período mais leve e natural. Os adotantes podem aproveitar este tempo para pensar como organizar o espaço e os pertences.
Tudo faz parte da dinâmica de espera, como um tempo precioso a ser vivido e não antecipado", acredita Mariano. "Neste momento é interessante que os pais façam um curso de capacitação, onde eles vão questionar suas expectativas e seu papel de cuidador. É como fazer um luto da criança idealizada e dar boas-vindas à criança real", recomenda Soraya.
"Durante o período pré-natal, seja no processo de gestação biológica ou de adoção, os pais criam fantasias e idealizações em relação ao filho que está para chegar. Frustrações com o filho que não atendeu às expectativas não é condição exclusiva dos pais adotivos. Observo muitos pais que se decepcionam com as crianças e têm muita dificuldade para se relacionar com elas, mesmo sendo filhos biológicos.
O que diferencia um filho biológico de um adotivo é que os adotivos chegaram por uma via diferente, com uma história pregressa. Preparar-se internamente e organizar o ambiente para receber uma criança é fundamental e saudável para que os pais adotantes possam realizar a função materna e paterna com segurança e serenidade", explica Cynthia Boscovich, psicóloga do Cuidado Materno, trabalho desenvolvido por ela para atender pais e crianças biológicas e adotivas.
Outro problema é que muitos adotantes ficam com medo de não conseguir ser um bom pai ou uma boa mãe. "Essa é uma questão que acomete muitos pais, biológicos e adotivos. Toda filiação é antes de tudo uma adoção. As famílias adotivas são semelhantes às biológicas, pois investem afeto e amor na relação com os filhos, além de assumir as responsabilidades pelos cuidados que deverão prestar a eles. Para isso, precisam estar preparados para recebê-los, o que pode acontecer de várias formas e o processo terapêutico pode ser muito valioso nesse momento", aconselha a psicóloga.
"O cotidiano e a prática demonstrarão caminhos e aprendizados de como assumir a paternidade e a maternidade. É necessário permitir que a criança participe deste processo dos adotantes para se sentirem bons pais. Não há uma receita prévia, existe conhecimento, cultura, convívio social, regras, limites, projetos, buscas, sonhos e realizações. Não tem porque ter medo de ser feliz", ressalta Mariano.
Outro problema comum é lidar com o preconceito dos amigos e familiares. "Por isso, os pais precisam estar seguros em relação à decisão de adotar um filho. Essa segurança pode contribuir bastante para lidar com as dificuldades e os possíveis preconceitos que vierem acontecer", avisa Cynthia.
"É comum as pessoas ao redor chamarem a criança adotada de filho de criação, pensarem que a qualquer momento o adotado vai virar contra os pais ou que tudo que a criança fizer de errado é porque foi adotada. Os pais precisam focar em uma relação estruturada com esse filho, assim eles saberão lidar com os preconceitos sociais de maneira mais leve", explica Soraya.
Além disso, outra questão é que a maioria dos adotantes prefere adotar bebês, mas grande parte das crianças disponíveis para adoção são maiores. Para tentar acelerar o processo de adoção, algumas pessoas optam por uma criança mais velha. "Quando decidem pela adoção é necessário que os pais adotantes preencham uma ficha, que deve constar o perfil da criança que pretende adotar.
A maior procura se dá por meninas, brancas e recém-nascidas. Sabemos que crianças maiores têm menores chances de serem adotadas, assim como irmãos, pois os juízes dão sempre preferência por não separá-los. A decisão de adotar uma criança mais velha deve ser muito discutida e pensada não só pelo casal, mas também por cada um individualmente. É uma decisão difícil que inclui diversos aspectos pessoais e as limitações de cada um", alerta Cynthia.
"Quem decide adotar uma criança mais velha tem que se questionar se está preparado para entender o desenvolvimento daquela criança. Procure fazer muitas leituras sobre o assunto e aceitar as diferenças, a história e a vivência dessa criança.
Por isso é tão importante procurar um grupo de apoio", recomenda Soraya. "Quem busca constituir família precisa fazer isso em sua concretude e não se basear em idealizações. É preciso questionar o que pensa sobre o que seria a família ideal e se ela de fato existe, se realmente há o desejo de adotar e se tem estrutura psicoafetiva para acolher a criança mais velha", explica Mariano.
Esta falta de preparo psicológico faz muitos adotantes devolverem as crianças adotadas. "Geralmente, isso acontece nos casos de adoção tardia, de crianças acima de dois ou três anos. Muitas vezes, elas testam a certeza do vínculo com os pais com atitudes agressivas e indisciplina, mas nem sempre os pais conseguem compreender o significado disso. Por isso é importante o acompanhamento psicológico, não só dos pais, mas também da criança.
Ela precisa sentir que tem um lugar na família, pois nem sempre esse lugar está claro para ela e até mesmo para os pais. Há também casos de pais que adotam por caridade e isso pode ser muito complicado, pois a adoção é uma filiação acima de tudo e não pode estar ligada a bondade. Isso pode se tornar muito pesado e complicado para a criança e se transformar em um dificultador na relação familiar", alerta Cynthia.
"O ser humano não é um produto descartável. Há razões muito profundas para quem escolhe adotar. Quem adota, não faz a segunda via. Quem adota elege, unge, abençoa, faz aliança, torna-se parceiro, torna-se pai e mãe de fato e de direito, natural e inalienável. Permite por sua escolha que a criança pertença e tenha referência de valores sociais, religiosos, éticos, culturais, enfim, cidadão de direitos e deveres, que tem a possibilidade de escolher livremente o seu projeto e seu destino, a partir do momento em que foi escolhido pelo amor de seus pais", defende Mariano.
A burocracia no processo de adoção e as expectativas do casal em relação à criança a ser adotada podem causar estresse e outros problemas psicológicos.
"Por isso é importante que os pais estejam psicologicamente preparados, pois o processo de adoção, dependendo do perfil da criança que desejam adotar, é muito demorado e pode se estender por anos.
E quando a criança chegar, talvez o momento não apresente mais as condições que tinham quando decidiram adotá-la. É uma espera que não tem prazo para terminar e isso pode gerar muita angústia", explica Cynthia.
"Mas cada caso é um caso. Na verdade, tudo depende de como está a constituição psíquica do casal adotante. Disso decorrem situações que afligem aqueles que estão há muito tempo na fila de espera, afinal, eles não sabem quando haverá uma resposta efetiva e se vão mesmo conseguir adotar uma criança.
Como o processo envolve diversas instâncias, principalmente o judiciário, a expectativa é sempre maior. Mas, deve-se considerar a segurança do processo para o bem da criança e dos adotantes", esclarece Mariano.
Enquanto aguardam todos os trâmites legais, os adotantes podem participar de grupos de apoio à adoção para ter um acompanhamento psicológico.
"Os grupos têm a função de ser um espaço de reflexões. Muitos frequentadores já passaram ou estão passando por adoção e, com isso, o adotante se sente acolhido, compreendido e pertencendo a um grupo de interesse igual. É a oportunidade para entender os detalhes legais da adoção e conhecer o desenvolvimento psicoafetivo de uma criança ou adolescente, no caso de adoção tardia", afirma Soraya.
"A participação em grupos de apoio funciona como uma forma de trocar conhecimentos e experiências, considerando as variáveis do contexto originário da criança ou adolescente e dos adotantes. Isso tudo pode influir ou até determinar o processo de adoção, pois baixa o nível de ansiedade e abre novas possibilidades", defende Mariano.
Outra possibilidade é ter atendimento com uma psicóloga. "O processo terapêutico pode ser muito eficaz, pois o adotante entrará em contato com várias questões que poderão não só tranquilizá-lo nessa fase, como também contribuir para que entre em contato com vários aspectos seus envolvidos nesse processo de adoção", comenta Cynthia.
Um grande abraço para todos e até amanhã.
Por
Beth Vasconcelos
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